Um dos principais símbolos da maior Festividade Nazarena, a corda do Círio, pela primeira vez fabricada no Pará, com malva amazônica, foi entregue nesta quarta-feira (13), pelo Governo do Estado, à Diretoria da Festa de Nazaré (DFN), em Belém. A peça já está guardada na Estação Padre Luciano Brambilla, da Basílica Santuário, e será vistoriada, como sempre acontece, pela DFN, em 23 de setembro.
O artigo religioso foi confeccionado, no município de Castanhal, nordeste paraense, pela Companhia Têxtil de Castanhal (CTC), empresa apoiada pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Mineral e de Energia (Sedeme).
Mais de uma tonelada de fibra foi usada durante o processo de fabricação. A corda tem matéria-prima regional cultivada por agricultores de mais de vinte municípios entre as Regiões de Integração (RI) Guamá e Guajará, desde o plantio da semente, o cultivo, e a colheita final.
Corda
Com 800 metros de comprimento e 50 milímetros de diâmetro, a corda é dividida em duas partes iguais de 400 metros, para ser usada nas duas maiores e mais tradicionais procissões do país, o Círio e a Trasladação. Já adaptada às estações de metal que auxiliam no traslado das berlindas durante as romarias.
O secretário adjunto da Sedeme, Carlos Ledo, explica que a corda foi produzida a partir da fibra vegetal da planta malva, conhecida por ser bem mais resistente do que o sisal, usado nas edições anteriores da festividade nazarena. “A malva é uma planta com fibra resistente, mais resistente que a planta sisal. Malva é uma planta amazônica, cultivada em várias regiões do Pará. Ela é uma planta com fibra resistente, muito mais resistente que a planta sisal, portanto, a corda este ano vai estar 10 % mais resistente. E o melhor, fabricado por mãos paraenses. As famílias envolvidas na produção da matéria-prima estão se sentido totalmente inseridas no Círio de Nazaré. Isto para nós é muito gratificante”, afirmou o secretário adjunto.
O gerente industrial da CTC, Robson Torres, disse que a empresa recebeu a fibra de mais de 100 produtores dos municípios de duas regiões de integração. “Para nós, como empresa, é um orgulho grande. A malva é mais suave e resistente, dando uma sensação mais agradável ao toque das mãos dos romeiros”, explicou o gerente industrial da CTC, Robson Torres.
Para o coordenador de almoxarifado, Juarez Tavares, da CTC, receber a missão de produzir pela primeira vez no Pará, a Corda do Círio 2023, é motivo de honra e privilégio. “Acompanhei cada processo de produção desse símbolo de fé e devoção. Nunca tive a oportunidade de ir na corda e tocar nela depois de produzida é muito emocionante. É algo inexplicável”, disse o coordenador que trabalha há 19 anos na empresa.
A cerimônia de entrega foi dividida em dois momentos, no município de Castanhal. Às 8h, na sede da CTC, com a presença de diversas autoridades locais, dirigentes e funcionários da companhia têxtil. Na ocasião, foi celebrada uma benção. Em seguida, a corda foi conduzida até Belém.
Como surgiu a ideia de fabricar a Corda do Círio no Pará
No ano de 2022, o projeto da corda do Círio 2023 foi lançado à Companhia Têxtil Castanhal. De acordo com o secretário adjunto da Sedeme, Carlos Ledo, a ideia surgiu de forma inusitada.
“Foi durante uma visita técnica de representantes da Sedeme, a convite da CTC, aos campos de malva, na zona rural do município de Monte-Alegre, no oeste paraense. Durante o percurso, um dos carros atolou, e chovia muito. Na tentativa de tirar o veículo do atoleiro, foi usada uma corda, que arrebentou várias vezes. Diante de tal situação, me veio a lembrança da história da corda em relação à berlinda, que em suas primeiras edições ficou atolada. Na ocasião, chamei o gerente da CTC, Robson, e lancei o desafio para fabricar a Corda do Círio 2023. Ele aceitou de imediato”, contou o secretário adjunto da Sedeme, Carlos Ledo.
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Um protótipo de 50 metros foi apresentado no dia 31 de março, na sede da CTC, ao coordenador do Círio 2023, Antônio Salame. Em seguida o material foi entregue para a Universidade Federal do Pará (UFPA), que realizou vários testes que comprovaram a eficiência do material. Após a entrega dos laudos, foi iniciada a produção da corda.
A DFN, anunciou em abril de 2023, que a corda do Círio, um dos maiores ícones da festividade, seria feita integralmente no Pará, por empresa genuinamente paraense, e doada pela Sedeme em parceria com a CTC.
Para o secretário da Secretaria de Estado de Turismo (Setur), Eduardo Costa, o momento é único, de protagonismo e simbolismo para o Pará. “É uma honra entregar essa corda feita de malva amazônica, mais segura, mais resistente e cultivada por mãos paraenses, que pregam sua fé no Círio“. O titular também reforçou a atuação da Secretaria na quadra nazarena. “Esse período é considerado a alta estação para o turismo paraense. O valor estimado de turistas é de 80 mil visitantes e uma previsão de 150 milhões injetados na economia, gerando emprego e renda de todas as atividades envolvidas no turismo“, acrescentou.
Revisão da corda
No dia 23 de setembro, a partir das 15h, a Diretoria da Festa de Nazaré (DFN) e a Guarda de Nazaré realizam uma revisão geral na Corda do Círio. A vistoria, que será realizada no colégio Santa Catarina de Sena, em Nazaré, visa checar detalhes do ícone da festa de Nazaré, como argolas, nós e estações, além da medição dos 800 metros da corda, para saber se estão em perfeitas condições.
Após este momento, a corda utilizada na Trasladação ficará em exposição na Estação Luciano Brambilla e a corda do Círio ficará em exposição na Estação das Docas, até os dias das procissões.
História
A corda foi incluída na procissão do Círio, em 1885, quando uma enchente na Baía do Guajará alagou a orla da cidade desde próximo ao Ver-o-Peso até a Igreja das Mercês, durante a procissão. Isso fez com que a berlinda ficasse atolada e os cavalos não conseguissem puxá-la.
Os animais então foram desatrelados e um comerciante local emprestou uma corda para que os fiéis assem pela berlinda. Desde então, o item foi incorporado às festividades e ou a ser o elo entre Nossa Senhora de Nazaré e os fiéis.
O Círio 2023
O Círio de Nazaré é uma realização da Arquidiocese de Belém, Basílica Santuário de Nazaré, Diretoria da Festa de Nazaré, com o apoio do governo do Estado e da Prefeitura de Belém.
Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a celebração, em Belém, em homenagem à Nossa Senhora de Nazaré acontece anualmente desde o ano de 1793, sempre no segundo domingo do mês de outubro.
Por: O Liberal